Sonhos, Reis Magos e Alquimia
O que a história, os símbolos e a alquimia revelam sobre o ouro que você já carrega
O sonho dourado
O sol escaldante queimava minha pele enquanto eu caminhava por ruas desconhecidas. Não sabia onde estava, mas aquele lugar exalava mistério e uma sensação de inquietude que me envolvia. O chão de areia dourada brilhava sob a luz intensa do dia, e uma poeira fina subia a cada passo, flutuando como partículas de ouro no ar. O cheiro quente e doce ao meu redor misturava especiarias de algo amadeirado que eu não conseguia identificar.
Homens e mulheres desfilavam em trajes típicos, com véus e turbantes adornando suas cabeças. Os tecidos, bordados à mão, pareciam entrelaçar histórias e lendas de tempos antigos.
As vozes ao longe falavam um idioma desconhecido, mas o ritmo era hipnótico, como se, em algum canto profundo da minha memória, aquele som já tivesse ecoado antes. Não sabia ao certo para onde estava indo, mas uma urgência me guiava, como se algo importante estivesse prestes a acontecer.
Um casal surgiu do meio da multidão. O homem, alto e imponente, vestia roupas luxuosas que refletiam a opulência daquela terra. A mulher, com olhos pintados de kajal negro e um véu verde esmeralda salpicado de pedras preciosas, exalava uma aura enigmática. Suas joias cintilavam, como se carregasse consigo a própria luz do sol.
Eles pararam diante de mim, e o homem, com uma voz grave e solene, disse: 'Venha conosco. Temos uma mensagem para compartilhar com você.'
Meu coração acelerou. Que mensagem seria essa? Ao mesmo tempo que senti medo de seguir desconhecidos em um lugar tão novo, a curiosidade me venceu. Fechei os olhos, consultei minha intuição, e um retumbante 'sim' ecoou dentro de mim. Sem hesitar, dei os primeiros passos para seguir aquele casal emblemático.
Seguimos caminhando e o cenário ao nosso redor começou a mudar lentamente. O chão de areia do deserto deu lugar a ruas largas e pavimentadas, repletas de monumentos grandiosos e impossíveis de não serem notados.
Tudo ao nosso redor brilhava – os prédios de pedra clara refletiam a luz do sol, como se fossem feitos de cristal. Ao nosso redor, as vestes das pessoas eram tão ricas em detalhes que pareciam saídas de um desfile de deuses antigos.
Até que adentramos um edifício que parecia ter vindo do futuro: a sua forma, estrutura e materiais eram feitas da mais alta tecnologia e nos trazia a sensação de ter vindo de outra galáxia bem distante. O interior era todo feito de mármore branco, vidros e espelhos, causando o efeito de que ele era ainda maior do que parecia. Quadros que retratavam cenários daquela terra estavam dispostos pelas paredes, dando um ar de lar para aquele lugar. Tapetes persas dos mais variados tons cobriam o piso e embelezavam o cenário.
E o mesmo cheiro amadeirado do deserto percorria aquele espaço, mexendo profundamente com os meus sentidos. Ao fundo tocava uma música baixa, como se alguém dedilhasse um alaúde enquanto entoava a melodia das terras distantes.
Continuei caminhando por aquele lugar deslumbrante, até que o casal me levou a uma espécie de sala. Sofás e almofadas eram dispostos pelo chão, formando um círculo mais baixo em relação ao espaço superior e criando um ar de acolhimento. Nos acomodamos nesses sofás e de forma muito misteriosa, ouvi a voz daquela mulher pela primeira vez, que me dizia:
"Prepare-se. Deixe sua mochila pronta. Você pode partir a qualquer momento. Mas leve com você apenas o que realmente importa. Todo o ouro que tem. Nada mais terá valor naquele lugar”.
E assim que ela recitou essas palavras, começou a tirar as próprias joias douradas que compunham o seu visual e guardá-las em uma pequena caixa, para então colocar dentro de uma espécie de mochila.
Meu coração pulsou acelerado. Tentei entender o que ela queria dizer, mas suas palavras pareciam carregar um mistério que eu ainda não podia decifrar.
Enquanto eu os observava, o casal virou as costas e desapareceu pelo interior do local, como se nunca tivessem estado ali. Mas as palavras da mulher enigmática ficaram, ressoando como um enigma: o que é o meu ouro?
Acordei com o coração acelerado. Ainda sentia o calor do sol sobre a pele, o cheiro amadeirado no ar, como se aquele mundo tivesse deixado marcas em mim. As palavras ecoavam em minha mente: "Leve com você todo o ouro que tem."
Antes de decodificar esse sonho comigo, quero te convidar a fazer parte do nosso clã. Se você ainda não está inscrita/o na minha newsletter, clique no botão abaixo e venha explorar esse universo de reflexões e histórias mágicas comigo.
Os jornada dos reis magos
Sincronicamente, tive esse sonho alquímico no Dia dos Reis - 06 de Janeiro.
O Dia dos Reis, com suas raízes cristãs, celebra a visita dos Três Reis Magos ao menino Jesus. Curiosamente, essa data também marca o Dia do Astrólogo, como se a conexão entre os céus e os mistérios da Terra fosse inevitável.
Os Reis Magos - Gaspar, Melchior e Baltasars - são figuras importantes na tradição natalina, vistos como sábios ou astrônomos astrólogos que interpretaram o sinal celestial (a estrela) como um evento marcante. Apesar de serem chamados de "reis", eles provavelmente eram estudiosos do Oriente Médio ou da Pérsia.
Relembrando a história bíblica, me deparei com uma questão que me inquietou: um dos presentes ofertados ao menino Jesus por essas figuras mágicas foi justamente o ouro (junto do incenso e da mirra).
O ouro representava a realeza de Jesus, pois era um metal valioso destinado aos reis.
Foi então que me dei conta: os Reis Magos também traziam um presente para mim. E o ouro, mais do que um símbolo de realeza, parecia carregar um código — uma mensagem oculta que eu precisava decifrar.
A galinha dos ovos de ouro
Eu definitivamente não acredito em coincidências. E, mais uma vez, a vida fez questão de confirmar minha descrença de forma brilhante.
10 dias exatos após o sonho, tive um encontro repleto de alquimia em que o ouro e toda a sua simbologia foi mais uma vez o protagonista da história.
Faço parte do Clã da Jornada da Economia da Paixão, uma metodologia autoral de pesquisa e estilo de vida criada por Paula Costa que une propósito, pertencimento e protagonismo. A cada encontro, somos desafiados a olhar para nossas inquietudes e transformar essa alquimia interna em movimento, conectando nossas paixões à evolução pessoal e profissional.
No último encontro, participamos de um exercício intuitivo: ordenar as letras A-M-O e escolher uma palavra para cada. Muitos colegas escolheram “ouro” para a letra O, e, mesmo sem ter feito essa escolha (a minha foi ÓCULOS), ouvir seus relatos fez meu coração acelerar.
Quando outros colegas relataram que a palavra de escolha para a letra O foi “ovo”, na mesma hora a minha intuição me levou direto ao conto de Clarice Lispector, “O Ovo e a Galinha”, que resgata memórias da infância e a história da galinha dos ovos de ouro. Foi nessa mistura de ouro, ovo e galinhas que os sinais começaram a se revelar.
Saí desse encontro com uma inquietude pulsando no peito, como se o universo estivesse me convidando a abrir o portal dourado e desvendar os mistérios da simbologia áurea. Como de costume, voltei às origens, e minhas buscas me levaram à essência do ouro: a alquimia.
A pedra filosofal
Antes de mergulharmos nos mistérios da alquimia, é importante lembrar como o ouro brilhou — literalmente e simbolicamente — ao longo de grandes civilizações.
Egito: O ouro era associado ao sol e à divindade. Os faraós acreditavam que sua carne era feita de ouro, simbolizando imortalidade e conexão divina.
Grécia Antiga: O ouro representava a perfeição e a imortalidade, sendo associado aos deuses e heróis mitológicos.
Américas Pré-Colombianas: Civilizações como os Incas e Maias consideravam o ouro o "suor do sol" e o usavam em rituais religiosos.
Essas culturas não só valorizavam o ouro como riqueza, mas também o viam como um elo entre o terreno e o divino — um enigma que atravessou gerações.
Ao longo dos séculos, incontáveis vidas foram consumidas na busca pelo ouro — não apenas como promessa de riqueza, mas como a chave para um dos maiores mistérios da alquimia.
E, se você é fã da saga Harry Potter, sabe que o livro de estreia do bruxo mais famoso do mundo é Harry Potter e a Pedra Filosofal. Apesar de voltado ao público infantojuvenil, o livro carrega uma riqueza de simbologias e segredos — especialmente os ligados à alquimia, que envolvem a busca pela transmutação do ser e o encontro da essência.
Há séculos, conta-se que um homem misterioso, cuja verdadeira identidade jamais foi confirmada, caminhava pelas ruas estreitas e sombrias de um velho vilarejo. Alguns diziam que era um monge, outros, um mago renegado. Para muitos, ele não era apenas um homem, mas um guardião de segredos antigos, alguém que tinha descoberto a fórmula que tantos perseguiam em sonhos e delírios: a criação da Pedra Filosofal.
Reza a lenda que essa pedra tinha o poder de transformar qualquer metal em ouro puro, mas, mais do que isso, prometia algo ainda mais valioso: a imortalidade. Diziam que aqueles que possuíam a Pedra Filosofal poderiam criar o Elixir da Vida, um líquido mágico capaz de curar todas as doenças e prolongar a existência indefinidamente.
Para os alquimistas, a busca pela Pedra Filosofal não se tratava apenas de transmutar metais. Era, acima de tudo, uma jornada interna, uma metáfora para a evolução do espírito humano. A pedra era vista como o resultado final de uma transformação pessoal.
O chumbo, metal pesado e denso, representava as sombras, os medos e as limitações humanas. Já o ouro simbolizava a alma purificada, livre das impurezas do ego e conectada ao divino.
Assim, transformar chumbo em ouro era, na verdade, um processo de autodescoberta e elevação espiritual.
A Pedra Filosofal era o ápice dessa jornada. O homem misterioso teria sussurrado que ela estava dentro de cada um de nós, mas poucos ousavam enfrentar os desafios necessários para encontrá-la, buscando fórmulas mágicas para acessá-la sem passar pelo processo de depuração.
A verdade é que a lenda sobreviveu, inspirando gerações e cruzando fronteiras. Hoje, talvez não estejamos mais em busca de ouro ou de vida eterna no sentido literal, mas a mensagem do alquimista ressoa: a verdadeira riqueza está no processo de se tornar quem nascemos para ser.
E assim, o mistério da Pedra Filosofal permanece vivo, nos convidando a questionar: estamos dispostos a atravessar a jornada alquímica e descobrir o ouro que habita em nós?
Decodificando os Sonhos
Sonhos são como mensageiros do invisível, que traduzem os mistérios e desejos ocultos do nosso inconsciente em fragmentos que podem tocar o mundo da matéria.
Quase sempre, esses recados que cruzam o véu do consciente chegam como enigmas codificados em símbolos, desafiando nossa mente a decifrá-los.
Como alguém que sempre viveu no território dos sonhos, encontrei na psicanálise não apenas uma ferramenta, mas uma verdadeira bússola para navegar nesses segredos oníricos.
E com esse sonho alquímico, adornado pelo brilho do ouro, não foi diferente. Relatei-o para minha analista durante nossa sessão semanal, ansiando por sua sabedoria no universo dos símbolos e, confesso, esperando secretamente por uma espécie de mensagem oracular — como se ela fosse uma sacerdotisa moderna, herdeira dos templos de deuses antigos.
Mas a resposta dela me tirou do chão, simples e poderosa:
“O que você considera como '“seu ouro”?
“Quais são os seus maiores valores, habilidades ou recursos?”
Naquele momento, percebi que a alquimia não estava só no sonho — ela estava em mim.
A verdade é que integrar o que o ouro me trouxe não é algo imediato; é um processo contínuo de retorno para dentro. Cada prática, cada reflexão e cada palavra escrita se tornam um convite para abrir um pouco mais do meu próprio portal dourado. E, se essa jornada também te inspira, talvez seja hora de você perguntar: qual é o seu ouro? Vou adorar ler a sua resposta, então pode responder esse e-mail ou deixar nos comentários.
🚪Da porta para dentro
Nessa parte da newsletter, compartilho com muita verdade o que tenho feito nos bastidores para integrar tudo o que a inspiração da vez me trouxe. No caso do “ouro”, eis o que tem me guiado:
Reflexões sobre o que eu tenho de mais precioso: revisitando ferramentas que sempre me conectaram à minha essência, mas que em algum momento ficaram esquecidas no caminho: meu mapa astral e os ensinamentos da astrologia, os oráculos, o tarot e o sincronário maia. Para quem não sabe, também sou astróloga, oraculista e estudiosa dos ciclos do sincronário maia.
Aliás, já escrevi várias edições da newsletter explorando esses temas, e vou deixar aqui duas das minhas favoritas para quem quiser mergulhar nessa jornada comigo:
Reconexão com coisas que me geram entusiasmo: voltar a fazer coisas que acendem o meu espírito, mesmo aquelas pequenas, como ouvir músicas que amo, escrever em cafeterias ou simplesmente caminhar em silêncio.
Estudo dos ensinamentos da Alquimia: o livro O Caibalion tem sido uma guia nessa busca por integrar os princípios da alquimia à vida cotidiana. Cada página parece carregar um pouco do “ouro” que procuro. Recomendo demais!
Escrita Visceral: mantenho minha prática diária de escrita visceral, aquele espaço onde minhas inquietudes encontram palavras e onde o processo de transformação realmente acontece. É como se a escrita fosse o meu próprio cadinho alquímico.
🫀Sobre a autora dessa Newsletter
Olá, eu sou a Cynira Helena.
Escritora, astróloga, ativadora de paixões e estrategista de marcas originais.
Sou adepta da “escrita visceral”, sagitariana, amante dos bons livros, entusiasta da arte e apreciadora de ouvir novos idiomas enquanto tomo uma boa xícara de café coado e viajo por aí.
Se de alguma forma o que escrevi ressou com você, não esquece de curtir, deixar um comentário ou responder por e-mail (se prefere uma conversa mais próxima) me contando tá?
Seja bem vinda(o) ao meu Universo particular.
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Um abraço e até a próxima edição,
Cynira Helena - e a minha versão sonhadora
PS - Cuidado com as distrações, pois nem tudo o que reluz é ouro ;)
Adorei a news!!!! <3
Maravilhosa a narrativa. Estou escavando meu ouro na Rocha, para depois lapidá-lo.