🧙 Esse conto foi inspirado em uma experiência pessoal que tive na cidade de Turim, na Itália. Após publicar a primeira parte dessa história (se não leu ainda clica aqui ) e receber muitos comentários positivos de vocês, decidi mergulhar ainda mais fundo no universo mágico de Turim e transformar esse conto em um romance gótico. Vem comigo em mais um capítulo dessa aventura misteriosa e não esquece de me contar nos comentários o que achou.
Presságios de Paolo di Ravenna
Sentado à mesa do Café Coffeel na Piazza Statuto, observo o movimento dos transeuntes passarem apressados, com uma sensação crescente de inquietação.
Sinto uma espécie de pontada na boca do meu estômago, fazendo com que eu não consiga degustar a dose de Negroni que repousa no copo de vidro antigo na minha frente.
Turim, a cidade repleta de mistérios, nunca deixa de me surpreender. Mas hoje em especial, há algo de diferente no ar: uma tensão reprimida que não consigo ignorar. É como se algo estivesse a minha espreita, mas parece evaporar com rapidez, como as gotas de chuva.
Sinto o amuleto no meu anel, um Olho de Umbra, pulsar em meu dedo indicador com uma intensidade que não é normal. Forjado em uma época sombria, quando Turim era palco de batalhas ocultas entre clãs, ele permite que seu portador veja o que está escondido, o que é oculto aos olhos comuns.
Uma antiga profecia diz que ele foi criado com a essência das trevas e irá marcar o início de uma nova guerra entre luz e sombra na cidade das duas almas, Turim.
Com o olhar fixo no anel, sinto a presença de algo iminente. O Olho de Umbra nunca tinha pulsado assim antes; há um peso, que me faz questionar sobre essa antiga profecia e o quão próxima ela está de se concretizar.
Não conheço todos os detalhes, mas sei que a energia que emana do amuleto é um sinal de que algo está prestes a acontecer.
Levanto-me da mesa, decidido a descobrir esse segredo. Escuto um chamado do destino e sei exatamente com quem devo falar para encontrar respostas para essa profecia: Aurora di Firenze.

A Visão de Aurora di Firenze
Estou na minha loja de artefatos mágicos, a Esotérica, cercada por velas e incensos. O início da manhã reflete tímidos raios de sol que adentram pelas janelas no formato de portais ao redor do ambiente.
Sinto um peso no corpo devido a insônia da noite anterior. Lembro de ter tido o sono agitado, marcado por pesadelos que não consigo me lembrar dos detalhes, mas a sensação de angústia ainda percorre as minhas veias. Meu coração pulsa acelerado, marcando um estranho descompasso.
As cartas de tarot estão dispostas sobre a mesa, e eu as examino com atenção. Hoje, a leitura foi particularmente intensa, pois guiada pela minha intuição, pedi para o mundo espiritual me mostrar mais detalhes dessa sensação angustiante.
O baralho revela uma sequência de cartas que não consigo ignorar: a Morte, a Sacerdotisa e o Carro.
A visão de uma antiga profecia volta à minha mente, a que fala sobre uma nova guerra entre luz e sombra em Turim, marcada por uma lua cheia de novembro. É uma profecia que faz parte da minha história, pois foi revelada pela minha bisavó no dia do seu assassinato.
Enquanto contemplo as cartas, uma visão começa a se formar. Vejo uma mulher com olhos profundos, uma presença que mistura vulnerabilidade e força. Não a conheço, mas há algo muito familiar em sua aura. Sinto que sua chegada está próxima e que ela desempenhará um papel crucial na batalha que se aproxima.
O presságio é forte, e minha intuição me diz que vamos viver dias intensos em Turim.
De repente, sou trazida de volta dessa visão para o plano físico por conta de batidas na porta de entrada. Eu já sentia aquela intensa presença e sabia quem estava do outro lado. Ele também deve ter tido os mesmos presságios e imagino que tenha vindo em busca de respostas.
Paolo di Ravenna presenciou a última guerra da luz e sombra há décadas e ainda guardava em sua alma as terríveis lembranças daquela era em Turim.
Caminho até a porta na esperança de encontrar nele novas pistas para essa profecia.

Sonhos Premonitórios de Cynira H.
Estou deitada na cama, a intensidade dos acontecimentos recentes me angustiando enquanto fecho os olhos e me deixo levar pelo sono. No estado de vigília, logo me vejo mergulhar em um cenário assustador: aquele pesadelo que me acompanha há meses e me faz sentir medo de fechar os olhos a cada noite.
Vejo-me em uma sala oval e escura, com paredes cobertas de tapeçarias antigas representando animais como serpentes e corvos, que parecem se mover e sussurrar.
No centro da sala, um homem de aparência severa está de pé, vestindo roupas que me parecem antiquadas e imponentes. Seus olhos são penetrantes, e um olhar familiar brilha em seu rosto, apesar de não reconhecê-lo. Sinto um misto de medo e conexão.
Ele me encara com firmeza e entoa palavras que não consigo compreender. Parece um dialeto antigo e sua voz soa um eco distante, mas carregadas de uma energia intensa. A única parte que me lembro é da palavra “Turim”, que estranhamente era a terra dos meus ancestrais que eram da Itália e o meu próximo destino em menos de 7 dias.
Sinto um calafrio percorrendo minha espinha enquanto a imagem desse homem se dissolve na escuridão. O sonho é interrompido por uma sensação de angústia crescente, um presságio de algo ruim que está prestes a acontecer.
Despertando com um sobressalto, meu coração bate acelerado e temo ter um novo ataque de pânico.
Levanto-me da cama, pego o copo d’água que está na cabeceira da cama e vou até a janela, olhando para a cidade iluminada lá fora. A luz da lua cheia brilha forte no céu e acalma o meu coração.
Esse sonho recorrente é um sinal de que a minha jornada para Turim está longe de ser apenas uma busca por inspiração literária – é uma parte de um destino muito maior e que preciso viver.
Tenho a sensação de que minha vida vai se transformar para sempre quando chegar nas terras italianas. No mesmo segundo, sinto o amuleto que pende no colar no meu pescoço esquentar. Ele é conhecido como “Olho de Umbra” e é herança dos meus ancestrais italianos. Ganhei da minha avó quando fiz 13 anos e nunca mais tirei do pescoço, apesar da sua forte energia.
Volto para a cama, seguro o amuleto e decreto um sigilo de proteção que aprendi nos meus estudos de magia - sim, sempre tive muita atração por esses saberes antigos. Sinto meu coração se acalmar e o sono voltar lentamente.
Estou pronta para enfrentar o que quer que me espere. A viagem para Turim é o primeiro passo em uma jornada que me levará a descobrir não apenas a verdade sobre meus ancestrais, mas também sobre mim mesma.
O destino está me chamando e sinto que vou descobrir coisas que nem imagino.

🫀Sobre a autora dessa Newsletter
Eu sou a Cynira Helena, alma mineira com um coração inquieto e mente criativa. Entre cafeterias acolhedoras e viagens pelo mundo, transformo a vida cotidiana em narrativas mágicas. Autora da newsletter Inspirações, estou na jornada de escrever meu primeiro livro, uma auto ficção. Minhas histórias são portais de transformação que nos levam a jornadas de autodescoberta. Nas minhas palavras você encontra não apenas histórias, mas pedaços de si mesma, refletidos no espelho da imaginação.
Seja bem vindo(a) ao meu Universo particular.
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Um abraço e até a próxima aventura!
Cynira Helena - e a minha mais nova versão escritora de romance gótico
PS - "Umbra" é uma palavra de origem latina que significa "sombra" ou "escuridão." Na astronomia, a umbra é a parte mais escura da sombra projetada pela Terra ou pela Lua durante um eclipse. No contexto literário ou místico, "umbra" pode simbolizar o lado oculto, o desconhecido ou aspectos sombrios e misteriosos de algo ou alguém.
PS 2 - Já vai lá nos comentários dizer o que achou dessa sequência ;)
Aaaaah mais um conto, amei! Ansiosa para mais! 😍
Show! Na expectativa da próxima parte da história. 🤗