{Cartas da Itália #7} Comer, rezar e amar
Por que algumas viagens nos mudam para sempre?
Viagens não são fugas. São reencontros.
Cruzamos uma fronteira e, sem saber, nunca mais seremos os mesmos.
Desde criança, sempre soube que viajar era mais do que conhecer novos lugares – era minha lente para compreender o mundo e a mim mesma.
Todas as grandes mudanças da minha vida foram precedidas por uma viagem, seja de forma intencional ou como uma surpresa do destino, cheia de sincronicidade.
Cada destino parecia carregar uma chave para um novo capítulo.
Foi assim em 2020, quando embarquei para o Peru com o plano de fazer um trabalho voluntário em uma ONG para meninas e, sem esperar, encontrei um propósito que mudou completamente a minha trajetória.
Naquele momento, eu atravessava uma grande transformação pessoal: havia me mudado de cidade para morar com o Lúcio, deixado um emprego CLT em São Paulo alguns meses antes e estava me reinventando como empreendedora.
Quando embarquei nessa viagem, estava vivendo uma daquelas fases de incerteza, em que nos sentimos perdidas e sem clareza sobre os próximos passos. Tenho certeza que você também já passou por algo assim. Eu ainda não sabia ao certo qual seria o meu caminho profissional.
Tinha iniciado minha atuação na área terapêutica, trabalhando com ferramentas integrativas como mindfulness, reiki, thetahealing e outros saberes ancestrais, mas ainda sentia que faltava algo. Sabia que estava na direção certa, mas não tinha encontrado o destino que sonhava.
Foi nessa temporada que a astrologia – minha paixão desde a infância – revelou-se como um fio condutor essencial da minha jornada. E eu sequer imaginava o quanto essa conexão transformaria minha vida.
Durante essa viagem ao Peru, fiz nascer a minha metodologia autoral, o AstroDireção – uma fusão entre astrocartografia e astrologia vocacional.
Sempre acreditei que o mapa astral é um grande guia para a vida, mas foi ao estudar a astrocartografia que compreendi como cada lugar no mundo pode ativar diferentes potenciais dentro de nós.
Astrocartografia para iniciantes
Você já teve a sensação de que certos lugares no mundo despertam algo especial em você? Que há lugares onde se sente diferente? Como se conhecesse de outras vidas e tivesse uma conexão especial? Ou até mesmo sentisse uma energia mais pesada e limitadora?
A astrocartografia é a ferramenta astrológica que nos ajuda a compreender essas conexões e a explorar como a energia dos lugares pode influenciar nossas vidas.
A técnica foi desenvolvida pelo astrólogo Jim Lewis na década de 1970. Ele percebeu que a posição dos planetas no momento do nascimento influencia não apenas a personalidade de uma pessoa, mas também como diferentes lugares no mundo podem ativar energias específicas ao longo da vida.
Desde então, a técnica se popularizou por todo o mundo, sendo estudada e utilizada por astrólogos que desejam ajudar seus clientes a escolher os lugares mais favoráveis para viver cada objetivo de vida.
Assim como um mapa astral revela tendências e potenciais individuais, a astrocartografia traça linhas no globo, indicando as energias planetárias que estão ativas em diferentes pontos do mundo. Quando viajamos ou nos mudamos para um local que ativa determinada linha, experimentamos de forma intensa a energia desse planeta.
Acredito profundamente que ter clareza sobre as energias que nos influenciam ajuda a fazer escolhas mais alinhadas com nossa essência e objetivos. Viajar com consciência nos permite não apenas aproveitar melhor os lugares que visitamos, mas também usar essas energias a nosso favor.
Minha curiosidade por essa temática sempre foi grande. Desde muito jovem, me interesso por estudos sobre portais energéticos, lugares sagrados e ley lines – linhas de energia que atravessam a Terra e conectam pontos de grande poder espiritual. Percorri alguns desses lugares e sempre senti que cada um deles tinha algo a me ensinar.
Nos anos seguintes da criação do meu método, atendi mais de 800 pessoas ao redor do mundo.
Todas tinham algo em comum: sentiam-se perdidas, sem clareza sobre os próximos passos. Era como se algo essencial estivesse faltando em suas vidas — e era exatamente isso que buscavam. Muitas haviam passado por uma transição de carreira ou estavam imersas nesse ciclo, grande parte adentrando o universo do empreendedorismo.
Com cada nova história, compreendi uma verdade poderosa: as viagens não são fugas, mas reencontros. Quem parte tentando escapar de seus próprios dilemas inevitavelmente se depara com eles — em um café em Paris, no topo de Machu Picchu ou diante do mar em uma praia no México. Eles vão estar lá. E a resposta nunca estava em fazer as malas e embarcar para o próximo destino, mas em compreender o que cada um deles queria ensinar.
Ao mergulhar na relação entre os destinos e suas energias astrológicas, percebi que cada pessoa poderia transformar essa conexão em uma aliada para seus objetivos. Ou até mesmo entender se aquele lugar era, de fato, o certo para o que buscava.
Foi então que integrei essa grande lição e entendi que era hora de dar o próximo passo: levar os saberes astrológicos para outras mesas.
Unindo minha experiência em astrologia aos conhecimentos que já aprofundava em branding e marketing digital, nasceu uma nova forma de guiar aqueles que, assim como eu, buscavam mais do que um destino — buscavam um sentido para suas marcas.
Com o tempo, fui aperfeiçoando o AstroDireção e integrando meus conhecimentos de branding pessoal para algo ainda maior: ajudar empreendedoras a terem clareza sobre suas missões e expressarem suas vozes no mundo com paixão e autenticidade.
Acompanhei muitas mulheres nessa jornada — mulheres que, assim como eu, sentiam o chamado para algo maior, mas ainda buscavam a linguagem certa para traduzir seu propósito em posicionamento. E assim, esse ciclo se cumpriu.
Mais uma vez, chegou o momento de dar um novo passo. De honrar tudo o que aprendi, mas também de seguir adiante para um novo capítulo. Foi então que em 2024 mergulhei fundo na missão de autenticar minha própria voz e assumir, com toda a força, a versão que sempre me acompanhou: a de escritora.
O mesmo lugar, uma nova experiência
Agora, anos depois, estou novamente na Itália — o lugar que foi o grande catalisador da minha jornada como escritora e que, mais uma vez, me trouxe inúmeras surpresas.
Mas desta vez, estou vivendo outra grande transformação: a gestação da minha primeira filha, Cecília. Essa viagem começou com um propósito literário — queria me inspirar para escrever meu primeiro romance (que será publicado em outubro) e mergulhar no universo literário deste país tão repleto de história. Mas como toda jornada, ela tem se revelado muito mais do que eu esperava.
Aqui, vi a neve pela primeira vez, conheci pessoas e lugares fascinantes e testemunhei sincronicidades que apenas confirmam o que sempre soube: os lugares falam conosco o tempo todo.
E não por acaso, passei grande parte dessa viagem sob a influência de uma linha de Plutão. Na astrocartografia, essa é uma das linhas mais temidas por viajantes.
Plutão carrega o arquétipo de Hades, o deus do submundo. Diferente das crenças populares distorcidas, ele não representa destruição aleatória, mas sim a capacidade de encarar nossas próprias sombras e atravessar processos de transformação profunda. Ele também está ligado ao mito de Perséfone (um dos meus favoritos), que simboliza a descida ao submundo e o renascimento com uma nova consciência.
Para mim, Plutão sempre foi o planeta das grandes revoluções — do ciclo que se encerra para que algo mais verdadeiro possa renascer. Ele rege os mistérios, os temas ocultos e a ressignificação. E não poderia ser mais simbólico, já que esse também é um dos temas centrais do meu livro, ambientado justamente em Torino — a cidade que abriga minha linha de Plutão.
Esta cidade me fez mergulhar nos mistérios invisíveis, compreender o que antes estava apenas como um sussurro dentro de mim. Também me revelou verdades que eu relutava em enxergar, mas que me deram a coragem necessária para encerrar ciclos que já não cabiam mais. E como a fênix, renasci das cinzas que sempre estiveram dentro de mim.
Agora, estou gerando uma nova vida — e, para mim, não há experiência mais sobrenatural que uma mulher pode viver do que a gestação e a maternidade.
Tudo o que vivi me mostrou que a astrologia sempre esteve presente na minha trajetória. E, mesmo que hoje eu não atenda mais diretamente como astróloga, ela segue como um pilar essencial do meu olhar sobre o mundo — na minha escrita, nas histórias que conto, nos meus projetos e nas decisões que tomo.
Porque, no fim, nada se perde — tudo se transforma.
E sob a energia de Plutão, as transformações são inevitáveis. Elas vêm para nos despir do que já não faz sentido, nos confrontar com a nossa essência mais profunda e nos preparar para o que ainda está por vir.
E você, já parou para pensar nos lugares que te chamam?
Aqueles que, por alguma razão que você ainda não compreende totalmente, fazem seu coração bater diferente? Talvez seja uma cidade onde você nunca esteve, mas sente que precisa conhecer. Ou um destino que, ao visitar, trouxe à tona sensações, memórias e respostas que você nem sabia que buscava.
Quais lugares na sua vida já funcionaram como portais de transformação? Onde você se perdeu — e se reencontrou?
Plutão nos ensina que todo fim é também um começo. Há algo em você que precisa renascer? Um ciclo que pede para ser encerrado? Uma nova versão sua que já pulsa, esperando para vir à tona?
📖 Inspiração Literária
Já que o tema de hoje foi as viagens como ferramentas de transformação, não poderia deixar de indicar a obra Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert. O livro – que também ganhou uma adaptação para o cinema com a musa Julia Roberts – é um clássico quando se fala em jornadas de autodescoberta.
Não por acaso, a protagonista, Liz, também começa sua trajetória na Itália, onde seu primeiro objetivo é comer. Mas o que ela realmente aprende vai muito além da gastronomia: é sobre nutrir a própria alma, resgatar o prazer no presente e se permitir viver la dolce vita.
Ao longo da história, sua jornada se estende para a Índia, onde busca a espiritualidade (rezar), e para Bali, onde experimenta o equilíbrio entre corpo, mente e coração (amar). Cada destino traz um chamado diferente, um ciclo que se fecha para que outro possa nascer – assim como os lugares que nos escolhem e as transformações que nos atravessam, mesmo quando achamos que só estamos de passagem.
Se você sente que é hora de um novo começo, talvez Comer, Rezar, Amar traga pistas valiosas sobre o que sua própria jornada tem a revelar.
Já leu ou viu o filme? Me conta o que achou!
📌 Próximos Passos
Sigo escrevendo o Cartas da Itália sem uma ordem cronológica rígida, mas sim guiada pelo que meu coração pede para transbordar no papel. Cada carta nasce no seu próprio tempo, e essa jornada ainda reserva algumas surpresas pelo caminho.
Ao todo, serão 12 cartas – um número cheio de significado, presente nos ciclos da natureza, nos arquétipos, no zodíaco, nos meses do ano… e agora, nesse relato de viagem que se desenha diante de mim. Essa foi a 7ª. E até o final da semana, você receberá todas as 5 que ainda faltam.
E tem mais uma surpresa: nos últimos dias, tem surgido em mim um desejo de transformar essa experiência em algo maior. Ainda não sei exatamente como, mas sinto que algo está nascendo a partir dessas cartas. Um próximo passo que já começa a se revelar… e em breve, conto mais sobre isso.
Enquanto isso, quero saber de você: qual parte dessa carta mais mexeu contigo? Me conta nos comentários ou dá um print no trecho que ressoou e compartilha nos stories me marcando lá no Instagram (@cynirahelena). Vou amar ver como essa jornada chega até você.
Ah, e se essa foi sua primeira edição por aqui, se inscreva para não perder as próximas.
Nos vemos na próxima carta. ✨
Um abraço com a energia de Plutão.
Cynira Helena
Todas as grandes mudanças da minha vida foram precedidas por uma viagem, como se cada destino carregasse uma chave para um novo capítulo.
Foi assim em 2020, quando fui ao Peru para um trabalho voluntário e acabei encontrando um propósito que mudou completamente a minha trajetória. Naquele momento, eu estava atravessando uma transição de carreira: havia deixado um emprego CLT alguns meses antes e estava me reinventando como empreendedora. A astrologia, que sempre me fascinou desde a infância, foi o fio condutor dessa jornada.
Adorei esse texto, é exatamente o pensamento que se passa na minha cabeça ao longo desse ano: o de me aventurar pelos países que me chamam. Colômbia, Peru, México, meu destino está na América Latina por enquanto. Muito instigante o conceito da astrologia cartográfica, vou dar mais uma lida nisso para guiar espiritualmente minha busca
Estou achando o máximo essa sua passagem pela Itália! Você não poderia ter escolhido um nome melhor pra sua news, porque cada texto é realmente uma inspiração. Desde pequena, tenho o sonho de viajar o mundo e de documentar essa jornada pela escrita. E ver alguém que eu conheço fazendo isso tem me mostrado que é possível e deixado o coração quentinho.