🧙Essa edição é fruto de reflexões e conversas até tarde da noite com meu marido Lúcio sobre sucesso, genialidade, o tempo que escapa e o preço invisível que pagamos por querer acelerar demais, após termos assistido ao filme Sem Limites. Se você anda acelerada/o, sobrecarregada/o ou se perguntando pra onde está indo o seu tempo...essa edição é pra você.
Até onde você iria para alcançar o sucesso?
Imagina se você acordasse um belo dia e descobrisse que ganhou o super poder de acelerar o seu processo de aprendizado?
Que o potencial do seu cérebro fosse desbloqueado e que agora conseguisse acessar 100% da sua capacidade?
Que aprendesse idiomas em tempo recorde?
Que dominasse todo o conteúdo de livros complexos em apenas alguns minutos?
Que conseguisse aprender com destreza qualquer assunto que desejasse?
E que pudesse desenvolver habilidades e competências como ninguém?
O que parece um sonho para os estudiosos de plantão é a trama central do filme Sem Limites (Limitless no título original) lançado em 2011 e protagonizado por Bradley Cooper.
No filme, Bradley interpreta Eddie Morra, um escritor fracassado e sem perspectivas, que vê sua vida mudar radicalmente quando encontra uma pílula misteriosa que promete desbloquear todo o potencial do seu cérebro. Com habilidades intelectuais inimagináveis, ele conquista sucesso estrondoso em Wall Street e finalmente sente que controla seu destino.
Mas o que Eddie não sabe é que essa ascensão meteórica tem um preço alto. Os efeitos colaterais da pílula se intensificam, levando-o a uma perigosa espiral de vício, paranoia e psicose. Sua sanidade se esvai enquanto ele luta para manter o controle de sua vida e desvendar os segredos da mente humana.
A pergunta que não saiu da minha cabeça depois de acessar essa trama foi: o que eu faria se tivesse esse super poder?
E você, o que faria com tudo isso?
Antes de seguir viagem por essas palavras, que tal se juntar ao Clã dos Inspirados?
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Omelette du Fromage
Se você viveu nos anos 90 e assistia Cartoon Network, vai se lembrar de um episódio do desenho “O Laboratório de Dexter” em que o gênio desenvolve uma máquina para acelerar o aprendizado de idiomas e ter sucesso em uma prova de francês na escola.
Ele coloca um daqueles antigos discos de aprendizagem de idioma na máquina e enquanto dorme, as lições de francês ecoam na sua mente. Só que ele não esperava um pequeno problema: o disco trava e a única palavra que o cérebro dele ouve a noite inteira é “omelette du fromage”, que signfica omelete de queijo em francês.
E por conta desse erro, essa passa a ser a única palavra que ele consegue falar pelos próximos dias.
O final do episódio foi um plot twist e recomendo que você assista para entender o que aconteceu com o tal do omelete.
E aí, esse episódio é da sua época? Você se lembrou dele?
O preço da genialidade
Assim que revi o filme Limitless depois de mais de dez anos, imediatamente me veio à mente esse episódio de Dexter e a minha cabeça começou a borbulhar.
Apesar de Dexter e Eddie Morra serem personagens completamente diferentes, criados para públicos distintos, há algo que os conecta: ambos estavam em busca de formas de maximizar o conhecimento e acelerar o aprendizado. De ganhar tempo.
E foi aí que, mesmo sendo uma grande defensora da busca constante por saberes, comecei a me perguntar: qual é o preço que estamos pagando por querer acelerar tanto? Não só o aprendizado, mas também a rotina de trabalho, as obrigações familiares, o autocuidado.
Vivemos um momento coletivo em que muitas pessoas já não conseguem absorver conteúdos que durem mais do que um reels de 30 segundos. Outras aceleram áudios e aulas na velocidade 2x para “ganhar tempo”.
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O mercado já entendeu esse comportamento e passou a oferecer inúmeras promessas e produtos que nos vendem tempo, agilidade e performance. Mas há um preço invisível e altíssimo em tudo isso: a nossa energia vital. Nosso prana.
Foi na yoga, prática que me acompanha há anos, que aprendi algo essencial: o nosso corpo não vive apenas de alimento e água. Existe uma energia vital sutil, chamada prana, que circula em nós e sustenta o nosso estado de presença, saúde e clareza.
Quando respiramos com consciência, quando desaceleramos, quando nos conectamos com o agora, essa energia flui. Mas quando vivemos em constante aceleração, consumindo informação como fast-food e exigindo da mente um ritmo antinatural, essa energia se dispersa. E aí vêm o cansaço inexplicável, a falta de foco, o vazio existencial, mesmo depois de “dar conta de tudo” e ter a famosa “vida de sucesso”.
Aliás, o que é sucesso pra você?
Pra mim, ele tem mudado de forma com o passar dos anos. Já foi sinônimo de uma agenda cheia e o famoso “tô atolada de coisas”, números, conquistas profissionais, saldo na conta e até daquelas plaquinhas brilhantes de vendas em plataformas de infoprodutos.
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Hoje, mais do que tudo isso, sucesso para mim é ter tempo de qualidade com quem amo. É cuidar da minha saúde mental, viver com presença, me sentir inteira nos momentos simples.
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É saber que não preciso me perder de mim pra me sentir reconhecida.
É entender que não faz sentido comprar tempo se, no final das contas, eu apenas vou preenchê-lo com mais demandas e distrações, em vez de simplesmente vivê-lo com naturalidade.
O som do silêncio
O quanto somos capazes de lidar com o barulho?
Ao longo dessa jornada como gestante (33 semanas até agora), venho percebendo uma crescente intolerância a ruídos que antes faziam parte da minha rotina, como se meus ouvidos tivessem ganhado uma nova sensibilidade.
No início, achei que era aversão a qualquer tipo de som. Mas logo percebi: alguns barulhos, em vez de me incomodarem, me acalmam. O canto dos passarinhos que vêm beber água com açúcar na minha varanda. As risadas das crianças brincando na escolinha em frente. O sussurro do vento entre as folhas. O som do meu próprio corpo se movendo com mais presença.
Por outro lado, há barulhos que me atravessam feito faca: músicas que não conversam comigo tocando em um bar próximo, carros de som em volume máximo anunciando qualquer coisa, motociclistas acelerando e fazendo aquele barulho detestável, a televisão ligada em noticiários repetitivos que não me dizem nada.
Foi então que comecei a me perguntar: quantos desses ruídos, que parecem externos, estão também se infiltrando dentro da gente? Quantos sons e mensagens não solicitadas preenchem a nossa mente sem nem percebermos? Mesmo com o celular no modo silencioso, basta abrir qualquer rede social para o barulho começar. E, mesmo que você só leia as legendas de um vídeo, ele vibra em você. Vibra nas imagens, nos gestos, no ritmo acelerado que se impõe. Mais uma vez, a lógica do algoritmo priorizando o ruído, mesmo disfarçado de conteúdo.
Na minha última sessão de terapia, contei algo que vem me acompanhando há algum tempo. Quando deito a cabeça no travesseiro e fecho os olhos, um filme começa a rodar na minha mente: rostos desconhecidos, um a um, em flashes rápidos. Gente que nunca vi, com expressões únicas e fazendo coisas aleatórias: fumando, dançando, sorrindo, tomando algo, tocando violão. Uma sequência acelerada, quase alucinada. Esse “filme em velocidade máxima” durava minutos e me deixava desconcertada. Era como se eu não conseguisse esvaziar a mente. Como se estivesse carregando rostos que nem são meus.
Ao compartilhar esse e outros relatos, minha psicóloga me ajudou a perceber o que eu ainda não tinha conseguido traduzir: eu sofria de intoxicação sensorial. Eu estava sobrecarregada de ruídos — externos e internos. E a solução, por mais óbvia que pareça, veio como um sussurro essencial: silenciar.
Uma breve confissão: tenho um desejo secreto de, um dia, embarcar numa expedição espacial e sair da nave presa àquela corda de segurança, só para flutuar em silêncio absoluto, contemplando a imensidão estelar e enxergando a Terra à distância, azul e minúscula.
Enquanto essa cena ainda mora no campo dos devaneios, me contento com alguns mergulhos em piscinas ou no mar só pra sentir, por alguns segundos, o silêncio do lado de fora. E escutar o que vem de dentro.
O que você está fazendo com seu tempo?
Na última semana, o mundo viveu um daqueles episódios raros que nos forçam a repensar a relação com a tecnologia: um apagão elétrico atingiu países como Portugal e Espanha, deixando milhares de pessoas por horas sem luz, sem internet, sem redes sociais.
Mesmo sem ter vivido isso na pele, acompanhei relatos potentes de quem atravessou esse vazio. Alguns descreveram o susto, outros o alívio. E o que mais me tocou foram as pequenas descobertas: gente que voltou a conversar com quem estava por perto, que leu, que saiu pra caminhar, que viu o céu escurecer com os próprios olhos e não pela tela.
A ausência de energia escancarou algo: quando as notificações cessam, o que emerge?
Talvez o maior luxo dos nossos tempos não seja ter mais tempo, mas sim escolher melhor o que fazemos com ele.
E você…
quando tudo silencia, o que ainda te habita?
O que está fazendo com o seu tempo?
Porque não adianta buscar fórmulas mirabolantes pra ganhar tempo se for só pra continuar desperdiçando.
No fim das contas, talvez tudo se resuma a isso: estamos tão ocupados tentando ganhar tempo, otimizar a rotina, ser mais produtivos e administrar o caos… que esquecemos de habitar o tempo que já temos.
Vivemos acelerados, fragmentados, intoxicadas de estímulos e depois nos perguntamos por que a mente não silencia, por que o corpo adoece, por que a criatividade desaparece.
Mas o tempo não falta. O que falta é presença.
Escolha. Coragem de esvaziar. De sustentar o silêncio. De criar novas formas de existir, mesmo que isso signifique fazer menos, mais devagar, mais de verdade.
Então eu te pergunto, com a sinceridade de quem também está tentando:
Você está cuidando do seu tempo ou só passando por ele?
🏹Para ir além e expandir a consciência
Se você sentiu conexão com a inspiração de hoje, deixo aqui uma breve curadoria para mergulhar fundo e expandir a sua consciência:
Esse texto aqui da que é um mergulho sincero sobre o que é, de fato, viver daquilo que criamos: sem romantizações, mas com presença, coragem e escolhas reais.
Esse conto do que é um respiro no caos moderno e me levou de volta aos verões da infância, quando o tempo era de verdade.
Essa carta da que é um manifesto-poema sobre criar nas brechas da vida real e me atravessou de forma especial nessa versão gestante e mamãe da Cecília.
Esse relato da que começa com um apagão em Portugal e nos lembra do valor das pausas e da presença: daquelas que só o silêncio (forçado ou não) é capaz de trazer.
🫀Sobre a autora dessa Newsletter
Olá, eu sou a Cynira Helena.
Escritora, astróloga, ativadora de paixões, estrategista de marcas originais e mamãe da Cecília,
Sou criadora da escrita visceral, sagitariana, amante dos bons livros, entusiasta da arte e apreciadora de ouvir novos idiomas enquanto tomo uma boa xícara de café coado e viajo por aí.
Se de alguma forma o que escrevi ressou com você, não esquece de deixar um comentário ou responder por e-mail (se prefere uma conversa mais próxima) me contando tá?
Seja bem vindo(a) ao meu Universo particular.
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Um abraço demorado e até a próxima semana!
Cynira Helena - e a minha versão não acelerada
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Nos encontramos por entre palavras 🌙
Maravilhoso! A inspiração vem a minha mente quando leio seus textos. 😍😍😍😍
Que honra ser mencionada na curadoria dessa news que está excelente!!! Eu amei Limitless, fiquei até com vontade de rever. E fui correndo ver "Laboratório do Dexter", nunca tinha assistido! Genial!
Sabe o que fiquei pensando com a sua pergunta? Que se tivéssemos todo esse sucesso, conhecimento ultra-rápido, instantâneo, perderíamos a riqueza do processo. Acho que seria como um atropelamento - seres humanos não são máquinas e não é por acaso que a natureza tem seu ritmo e seu ciclo, e é tão perfeita. Terminei há pouco o livro "Slow Productivity", do Cal Newport, e ele fala justamente sobre isso: da necessidade de voltarmos a um ritmo mais natural. Definitivamente o blackout jogou isso na nossa cara...
Enfim, adorei a reflexão, e ainda vou ler as demais sugestões de curadoria! ♥️