Olá Viajante!
Como você está?
Eu estou literalmente viajando. Vim para a minha cidade no interior de Minas e aos pés da serra da Mantiqueira.
Além da visita ao meu pai, viajei com outra intenção para as terras mineiras. E esse é justamente o tema da Newsletter Inspirações de hoje.
Então antes da gente começar, já pega seu cafézim e dá o play na música tema do dia para ativar o nosso ritual.
Alguns pingos nos is
Costumo dizer que para mim a vida é como uma laboratório, em que podemos experimentar e misturar os mais variados insumos e elementos. Algumas vezes vamos explodir os frascos ou fazer misturas que não vão atingir o resultado inicial. Mas tem aquelas mágicas vezes em que vamos criar uma poção tão especial que vai transformar a nossa vida (e até a de outras pessoas).
Dito isso, sempre que vou investigar mais sobre um tema, validar uma hipótese ou simplesmente experimentar algo, chamo esse momento de “experimento”.
Mas como todo bom experimento, é preciso de muita observação e mensuração dos resultados. Então essa edição também tem a missão de ser uma espécie de relatório do que observei sobre esse “Experimento Origem” - claro que de uma forma não-convencional e muito mais convidativa.
A Origem dessa experimento
Apesar de crer que uma série de consecutivas sincronicidades culminaram para que eu recebesse esse chamado de fazer o “Experimento Origem”, quero destacar uma em especial que foi a inquietação que me faltava.
Na última semana participei de um laboratório da Inquietesi que foi magicamente conduzido pelas facilitadoras Paula Costa e Raissa Farjo. Esse evento tem muito pano para manga e tenho certeza que ainda será fonte de inspiração para as minhas divagações e criações, mas por hoje escolhi um que costura todos os retalhos dessa colcha.
Fomos apresentados a uma espécie de exercício que vou chamar de “palavra guia”, em que escolhemos (ou somos escolhidos por) uma palavra que irá nos guiar durante um determinado ciclo. Nossa missão é sermos uma espécie de guardiões dessa palavra e deixar toda a sua simbologia e energia fluírem em nossas vidas.
Naquele instante tive uma certeza: estava na hora de renovar a minha palavra guia e começar um novo ciclo.
Claro que o Universo já estava pronto para isso e mexeu os pauzinhos para que a nova palavra me encontrasse mais rápido do que eu imaginava.
Enquanto mandava mensagem no Whatsapp para uma amiga, olho para a minha mesa da sala e lá estava ela: minha nova palavra. E estava estampada no título de um livro que estava relendo de um dos meus autores preferidos da atualidade: ORIGEM, de Dan Brown.
“Minha palavra guia será ORIGEM” - afirmei em voz alta para mim mesma.
Em busca da minha ORIGEM
No livro que me inspirou a escolher a palavra, o protagonista Professor Langdon (diga-se de passagem que ele é professor de simbologia) se depara com um novo mistério para decodificar. E toda essa história se desenrola tendo Barcelona e o legado de Gaudí como pano de fundo, junto de um futurólogo icônico que nos faz refletir sobre duas perguntas:
De onde viemos?
Para onde vamos?
Então meu “Experimento Origem” está sendo basicamente construído tendo essas duas perguntas como direcionadoras, costurando passado e futuro em busca de entender o presente. Eu separei o experimento em duas fases principais e comecei com esse primeiro questionamento:
De onde eu vim?
E não teria lugar melhor para encontrar as respostas para essa pergunta do que voltar para onde tudo começou (pelo menos pós nascimento): a cidade onde fui criada -Itajubá, no interior de Minas Gerais.
Só não nasci em Itajubá por uma questão de logística (minha mãe estava em São José dos Campos na casa da minha avó paterna Leninha), mas me considero uma itajubense de alma e coração. Desde o meu primeiro mês de vida fui recebida de braços abertos por essa cidade “fácil de ser amada”.
Toda a minha ancestralidade materna é mineira, então sou afortunada o suficiente por ter o sangue mineiro correndo em minha veias.
Apesar de não morar mais no estado Diamante, meu pai ainda mora aqui em Itajubá e sempre que posso pego mala e cuia para vim visitá-lo e recarregar as minhas energias.
Dessa vez a jornada de volta tinha uma nova intenção: investigar sobre a temática da ORIGEM. Então desde que cheguei tenho refeito alguns que foram “caminhos da roça” para mim por anos, revisitado lugares que marcaram a minha história e revisto pessoas que simbolizam essa parte da minha jornada.
Mas como minha vida é regida pela sincronicidade, também confiei no poder do Universo de me levar exatamente para onde preciso ir e me conectar com quem preciso - o famoso deixar fluir.
E nessa imersão para o Experimento Origem colhi frutos muito preciosos. Alguns deles muito pessoais e que fazem parte desse meu processo de autoconhecimento, mas tem outros que de alguma forma podem te ajudar também.
Como sou especialista em Branding e criadora do Branding Astrológico, decidi compartilhar a maior lição de Branding que aprendi diretamente das Minas Gerais.
Aliás, esse momento de observação e revisão é bem propício para essa breve temporada de Mercúrio Retrógrado que começamos a viver, mas isso é papo para uma outra hora.
Por agora, vem comigo divagar sobre esses aprendizados do Branding:
A maior lição de Branding que aprendi diretamente das Minas Gerais
A Criação de Memórias Topofílicas: A Arte do Pertencimento
Talvez você nunca tenha ouvido/lido essa palavra “topofílica”, então vou te ajudar com o significado:
Essa palavra é frequentemente usada para expressar um forte vínculo emocional que as pessoas podem ter com um determinado lugar, geralmente ligado a memórias, experiências positivas ou simplesmente a uma apreciação profunda pela beleza ou significado desse lugar.
É um termo que destaca a conexão emocional e psicológica que os indivíduos podem desenvolver com certos ambientes ou locais geográficos.
Eis que em uma das minhas andanças pelo centro da cidade, entro em uma ruela e me deparo exatamente com essa arte na parede:
Imediatamente aquilo me chamou a atenção, ainda mais pelas outras artes que faziam parte da obra.
Fui pesquisar as redes sociais dos artistas e descobri que essa obra faz parte do projeto “A Arte de Pertencer”, em parceria com a Prefeitura Municipal de Itajubá e cujo objetivo é de transmitir através de personalidades locais o sentimento de pertencimento.
Os artistas são: Amanda Martins e Gabriel Simpson
Foram escolhidas 3 personalidades para representar a cidade e que despertam memórias afetivas e aquela nostalgia em todo itajubense:
Dona Maria da Pipoca (que há 63 anos fica com seu carrinho de pipoca no mesmo local e faz pipocas com um tempero secreto irresistível):
Donizete O Pamonheiro (com sua conhecida bicicleta cargueira azul e que há 25 anos entoa o famoso: “PAMONHAA, PAMONHEIRO”):
Beth da Padaria (que há mais de 40 anos toma frente da Padaria localizada no bairro Varginha e que faz parte do ritual diário do café de muitos itajubenses):
Nas palavras da própria artista Amanda, o significado desse projeto:
Topofilia é uma palavra que define nosso sentimento de pertencimento, e por isso foi escolhida para dar título a esse projeto que usa desse sentimento para justificar que quando nos sentimos pertencidos a um lugar, trazemos um sentido para a nossa própria existência.
Entender o que nos cerca, a natureza, a cidade, as individualidades pessoais e a cultura local nos causa um sentimento de valorização e atribui significados para as coisas. Entender a presença individual de cada um e o conjunto da coletividade é o que resulta na união.
Ao contemplar aquela obra, senti um orgulho ainda maior de ser itajubense.
E tenho certeza que todo cidadão de itajubá (natural ou de coração) de alguma forma se sente emocionado. Esse sentimento tem uma razão: pertencimento.
Pertencer é fundamental
Nós somos seres naturalmente sociais.
O pertencimento é uma sensação fundamental para os seres humanos, pois está intrinsecamente ligada à identidade, autoestima e bem-estar emocional.
Podemos nos sentir pertencentes a um grupo social, cultura específica, local, clube, ideologia, etc.
Tenho certeza que conhece alguém que literalmente veste a camisa de um time e se sente parte daquele grupo, defendendo de unhas e dentes.
E o pertencimento vem acompanhado de um sentimento de orgulho.
Esse projeto artístico aqui em Itajubá gerou exatamente essa sensação: a de orgulho por pertencer a essa cidade, por ser itajubense.
Muitas marcas investem milhões em estratégias para gerar esse sentimento de pertencimento nos seus clientes.
Pensa em grandes nomes como a Apple por exemplo: usar um Iphone ou qualquer outro produto da marca também fala sobre pertencimento, ser parte de um grupo de pessoas que compartilham de valores/ideias com a marca e entre si.
Com o que você se sente pertencente?
Place Branding mineiro
Dentro do Branding temos uma estratégia conhecida como Place Branding:
Ela se baseia na aplicação das estratégias de branding, comuns no contexto de produtos e empresas, para construir e gerenciar a imagem e reputação de um lugar, como uma cidade, região, estado ou país.
O objetivo do place branding é criar uma identidade distintiva para o local, estabelecer uma percepção positiva na mente das pessoas e atrair visitantes, investimentos, residentes e negócios.
Essa semana fiz uma enquete no meu Instagram perguntando: qual é a primeira coisa que passa na cabeça quando a pessoa pensa em Minas Gerais? Sentimentos, sensações, ideias, pessoas, etc.
E as 10 respostas que mais recebi foram:
Simpatia
Acolhimento
Simplicidade
Comidas (destaque para pão de queijo e bolo de fubá)
Café
Montanhas
Igrejas
Sotaque
Tradição
História
Minas ocupa um lugar único no coração dos brasileiros (e gringos), com atributos que criam essa identidade particular.
E sabe o mais incrível de tudo isso? As personalidades itajubenses que foram escolhidas para representarem a cidade nesse mural de arte também representam exatamente os maiores atributos de minas nesse aspecto de Place Branding.
Essa coerência com a identidade é o que torna o projeto tão autêntico e natural.
Cada uma dessas personalidades é uma marca pessoal forte e que desperta sensações nostálgicas em todos que conhecem.
Percebe que essas personalidades não precisaram usar roupas fancy, ostentar looks de milhões, representar personagens e se encherem de pompa para serem eleitos grandes representantes da cidade?
A força da marca deles está justamente na simplicidade, na autenticidade e na história única que os diferenciam.
A sua história é o seu maior diferencial e o que te torna ÚNICA
Protagonize, pertença e compartilhe
Antes de nos sentirmos pertencentes e partilharmos, é fundamental desenvolvermos o nosso protagonismo, que é nos apropriarmos da nossa história e potências.
Cada uma dessas personalidades foram protagonistas de suas próprias histórias antes de serem referências para o coletivo.
Um comunidade é uma espécie de colcha de retalhos: cada integrante é um retalho individual com características únicas, mas que partilham de gostos/características em comum e que são costurados pela linha do pertencimento.
Já adianto que uma das maiores tendências (aliás, resgate ancestral) para os negócios digitais nos próximos anos será o de criação e fortalecimento de comunidades. Já falei que o ser humano é um ser social e que busca pertencer né? Então, ser parte de uma comunidade é de alguma forma encontrar a sua turma e o seu lugar no mundo.
Mas para uma comunidade funcionar ela não pode ser só um depositório de informações e estar centrada no esquema de “líder-seguidores” de forma unilateral.
Ela precisa fomentar o protagonismo individual de cada integrante, ser multilateral, ter espaço de troca e compartilhamento.
E esse modelo não funciona só para negócios digitais, mas também para escolas, cidades, governo, etc.
O futuro é COLETIVO (Era de Aquário que fala né?)
Ouroboros: a vida é uma dança constante entre o fim e o começo
O Ouroboros é um símbolo antigo que retrata uma serpente ou dragão mordendo a própria cauda, formando um círculo contínuo. Ele é frequentemente interpretado como um símbolo de renovação, ciclo eterno, autossuficiência e infinito.
Se você assistiu a série Dark (que aliás super recomendo) tem uma frase que aparece em vários momentos: O início é o fim, e o fim é o início.
Em "Dark", o Ouroboros é essencialmente representado através da complexa teia de relações familiares, paradoxos temporais e eventos que se repetem, criando uma narrativa que explora profundamente a interconexão entre o começo e o fim, e como eles se entrelaçam de maneira infinita.
Estou vivendo toda a simbologia do Ouroboros nesse Experimento Origem pois o começo e o fim/passado e futuro se entrelaçam em uma teia infinita.
O pertencimento que sinto ao estar na minha cidade natal está profundamente conectado com assumir o meu protagonismo e de alguma forma fazer parte dessa comunidade.
Sou protagonista porque me sinto pertencente?
Ou o sentimento de pertencimento catalisa assumir o meu protagonismo?
A minha origem ativa ao mesmo tempo o meu protagonismo e o sentimento de pertencimento. E eles se retroalimentam. Fazendo também que eu me fortaleça para criar novas comunidades originadas a partir dessa combinação.
O que posso dizer é que ainda não tenho as respostas para essas perguntas. Aliás, não sei se um dia terei pois todo fim é o início de um novo ciclo, com novas perguntas e questionamentos.
Mas se tem algo que posso afirmar é que o Experimento Origem e toda essa busca pela originalidade tem me levado cada vez mais perto do meu protagonismo.
E em cada esquina encontro um clube que me gera pertencimento.
Em cada canto de Itajubá resgato uma parte da minha essência.
E também deixo uma parte de mim.
Afinal, o passado e o presente se entrelaçam em um abraço caloroso, como velhos amigos reunidos em uma roda de prosa.
A simplicidade é a chave para desvendar a grandeza de cada momento.
Branding Eye
Para ilustrar de forma prática todas essas divagações, quero compartilhar o Case de uma marca que se apropriou de toda a sua origem para criar uma expressão única e autêntica: a Bença de Minas.
Na própria bio já deixam clara a sua história: “os produto cá cara de Minas Gerais”.
Inclusive se apropriam do famoso “mineirês” na identidade verbal, com palavras e expressões tipicamente mineiras e algumas neologias:
A marca tem origem na cidade de Cristina/MG - que é a cidade da minha ancestralidade materna e onde também passei boa parte da minha infância.
E fazem questão de trazer essa origem de forma clara e como atributo da marca. Inclusive alguns dos produtos tem essa marca registrada:
Também trazem rituais típicos de Minas para integrarem o Universo da Marca, como o famoso café. Por Cristina ser produtora de café aqui no Sul de Minas, a marca também fomenta o consumo de produtos locais, favorecendo os pequenos produtores da região.
Todos os elementos visuais da marca fazem jus a sua origem: as cores, o logo inspirado no triângulo (que está na bandeira de MG) e que também remete as montanhas da Mantiqueira, as símbolos, tipografia e etc.
É tudo muito coerente e autêntico.
E por honrar a sua origem, a marca gera esse sentimento de pertencimento nos cristinenses e mineiros que têm orgulho de suas raízes.
Eu sou uma delas - que além de orgulho sinto saudade das terras mineiras e ao usar um dos produtos da marca sinto que estou conectada com a minha terrinha.
Conheci a marca no Festival do Café com Música, realizado anualmente em Cristina/MG e que tem uma proposta muito bacana e estratégica para o Place Branding da cidade.
Comprei alguns itens e gostei tanto que esses dias encomendei outros itens: e posso dizer que o unboxing é simplesmente sensacional: desde o cheirim típico de terra molhada até os detalhes pensados com carinho e com a assinatura mineira.
Esse não é um publipost! Simplesmente divulgo aquilo que gosto e admiro.
Curadoria Inspirações
A Curadoria de hoje vai ser breve pois minha maior recomendação é que você mergulhe na sua própria história e desvende a sua originalidade.
Mas se precisa de um pouco de inspiração além das que já citei acima, segue:
Série Dark, da Netflix: tece uma trama intricada de paradoxos temporais e segredos familiares, como um Ouroboros narrativo onde passado, presente e futuro se entrelaçam em um ciclo interminável.
Livro “Contos Tradicionais do Brasil, de Câmara Cascudo”: roteiro fantástico de povos e culturas que traz cem estórias populares, colhidas diretamente na boca do povo brasileiro: aqui
Filme “A árvore da vida”, no Prime Videos: entrelaça a história de uma família com a narrativa da evolução da vida, explorando questões existenciais enquanto mergulha nas profundezas da experiência humana e cósmica.
E se você ainda não me acompanha nas redes sociais, já clica aqui pois lá compartilho conteúdo exclusivo!
E não esquece de comentar o que achou dessa edição.
Beijos,
Cynira Helena - e a minha alma itajubense
Amei 😍